Leitura e produção de textos
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
3.1 Contextualizando
Você percebeu, nas atividades que já fizemos juntos nos capítulos anteriores, que não nos comportamos da mesma maneira em todas as situações que nos são apresentadas cotidianamente. Lembra-se, por exemplo, de quando estávamos procurando um emprego e, ao acordar, não achamos o jornal? Naquela situação, praticamos nossa fala de acordo com a situação em que estávamos: em casa, nem nos preocupamos com a forma com que falamos – afinal, somos íntimos do povo de casa! –, mas, na hora da entrevista, bem... na hora da entrevista nós fomos mais certinhos, falamos mais bonitinho, caprichamos, mesmo, né? “Pois é, mano, a gente manera no vocabulário. A gente pensamo se as palavra tão de acordo com os sujeito da oração. A gente ajeita o jeito de falá as palavra, a gente fala mais alto, mais baixo...”, alongamos um grupo fonético para enfatizar e atingir a intenção comunicativa. Em suma, modalizamos o discurso e o adequamos aos propósitos que temos. Só de ler o parágrafo anterior, você percebe que a forma com que falamos interfere no significado do que dizemos e nos situa socialmente. Muitas das formas com que nos comunicamos nos identificam, nos colocam em uma posição social e nos situam em um contexto regional da produção linguística. Não é muito comum, por exemplo, vermos um homem falar: “Oi, lindo, como você está?”, nem uma mulher dizer: “Diga aí, macho, tudo bem?”. A escolha lexical, a organização sintática e o sotaque, por exemplo, nos dão indícios do sexo do falante, de sua posição social, sua idade, de onde mora etc. Apesar de nós, brasileiros, utilizarmos um sistema linguístico único (o português), não é preciso ser especialista para perceber a imensa diversidade com
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Capítulo 3
que essa língua é empregada. É como se houvesse vários portugueses, ou melhor, várias formas de se usar a língua portuguesa, seja nos aspectos morfossintático (organização dos termos de uma