Leitura E Leitores
Por: Katiuscia Lopes
- Maria Fernanda, conta o que você fez hoje no seu primeiro dia de aula.
-....
- O que você e seus colegas foram conhecer na escola, Maria Fernanda?
- A biblioteca...
- Quê mais? O que tinha de legal lá?
- Nada!... Só livros...
Maria Fernanda não é uma ficção. Com seus cinco anos completos faz parte de uma geração que herdou de nós, seus antecessores, alguns conceitos e ideologias provenientes de possíveis equívocos de conceituação e abordagens quanto à leitura. A partir do pequeno diálogo recriado acima podemos pontuar pelo menos quatro desses prováveis equívocos paradigmáticos: (1) a prática da leitura restrita à escola; (2) na escola, a leitura sendo limitada para apenas um espaço e momento: a biblioteca; (3) a concepção de biblioteca e de leitura associada apenas ao suporte livro; e (4) a associação simbólica obrigatória do ato de ler ao prazer instantâneo. Primeiramente é preciso ressaltar o fato da escola frequentada pela pequena Maria Fernanda ter uma biblioteca, o que é uma realidade diferente da encontrada habitualmente nas escolas e municípios brasileiros. Segundo dados organizados pelo Ministério da Educação, 72,5% das escolas públicas municipais (ensino fundamental) e estaduais (ensino médio) do país não têm biblioteca, e apenas 19,4% das novas instituições construídas desde 2008 as têm. Além disso, faltam bibliotecas em 16.731 escolas privadas. Possuir bibliotecas nas escolas (ou fora delas) - apesar de haver uma lei 12.244/10 que prevê que todas as instituições de ensino públicas e privadas do País devam possuir uma biblioteca até o ano de 2020 e disponibilizem pelo menos um livro por aluno -, parece não ser uma contingência nas políticas públicas propostas pelos gestores públicos e reivindicadas pela sociedade. Nem mesmo a rede de mobilização promovida por alguns grupos ligados diretamente ao tema a fim de divulgar a lei e tentar estimular um levante popular para o