Leishimaniose visceral e tegumentar americana
As leishmanioses são antropozoonoses consideradas um grande problema de saúde publica, representam um complexo de doenças com importante espectro clinico e diversidade epidemiológica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 350 milhões de pessoas estejam expostas ao risco com registro aproximado de dois milhões de novos casos das diferentes formas clinicas ao ano.
A leishmaniose tegumentar tem ampla distribuição mundial e no Continente Americano há registro de casos desde o extremo sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, com exceção do Chile e Uruguai.
No Brasil, Moreira (1895) identificou pela primeira vez a existência do botão endêmico dos paises quentes, chamando “Botão da Bahia” ou “Botão de Biskra”. A confirmação de formas de leishmanias em ulceras cutâneas e nasobucofaringeas ocorreu no ano de 1909, quando Lindenberg encontrou o parasito em indivíduos que trabalhavam em áreas de desmatamentos na construção de rodovias no interior de São Paulo. Splendore (1911) diagnosticou a forma mucosa da doença e Gaspar Vianna deu ao parasito o nome de Leishmania brazilienses. No ano de 1922, Aragão, pela primeira vez, demonstrou o papel do flebotomineo na transmissão da leishmaniose tegumentar e Forattini (1958) encontrou roedores silvestres parasitados em áreas florestais do Estado de São Paulo.
Desde então, a transmissão da doença vem sendo descrita em vários municípios de todas as unidades federadas (UF). Nas ultimas décadas, as análises epidemiológicas da leishmaniose tegumentar americana (LTA) tem sugerido mudanças no padrão de transmissão da doença, inicialmente considerada zoonoses de animais silvestres, que acometia ocasionalmente pessoas em contato com as florestas. Posteriormente, a doença começou a ocorrer em zonas rurais, já praticamente desmatadas, e em regiões periurbanas. Observa-se a existência de três perfis epidemiológicos: a) Silvestre – em que ocorre a transmissão em áreas de vegetação primaria (zoonose de animais