Leibniz vida e obra
(Vida e obra. Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1988)
Na opinião de Wilhelm Dilthey (1833-1911), se a missão suprema da filosofia consiste em elevar a cultura de uma época à consciência de si mesma, Leibniz foi, sem dúvida, quem mais completamente realizou tal missão. Inventor do cálculo diferencial independente de Newton, um dos primeiros a fundamentar o princípio de conservação da energia, o primeiro a reconhecer no jogo das representações do subconsciente o principio da explicação psicológica, um dos pioneiros nos domínios da investigação histórica e filológica, Leibniz teria sido o "espírito mais universal que os povos modernos produziram antes de Goethe". Ainda segundo Dilthey, a atribulada vida política de Leibniz e suas tentativas de conciliação entre os diferentes credos religiosos da época subordinavam-se ao seu grande objetivo de uma cultura humana que abrangesse todas as nações. Bertrand Russell (1872-1970) pinta de Leibniz um retrato diferente. Para Russell, Leibniz foi um dos maiores intelectos de todos os tempos, "mas como criatura humana não foi admirável". Era inteligente, econômico, comedido e honrado, mas "inteiramente destituído das virtudes filosóficas superiores, tão notáveis em seu contemporâneo Espinosa (1632-1677). Enquanto Espinosa jamais fez qualquer concessão no terreno das idéias e por isso foi excomungado da comunidade judaica de Amsterdã e condenado a viver humildemente, Leibniz teria deixado de publicar os melhores trabalhos que escreveu porque não eram apropriados para conseguir popularidade; só trouxe a luz algumas obras destinadas a conquistar aprovação de príncipes e princesas".
Um homem de muitas faces
Gottfried Wilhelm Leibniz nasceu em Leipzig, a 1.° de julho de 1646, filho de um professor de filosofia moral. Desde muito cedo, teve contato, na biblioteca paterna, com filósofos e escritores antigos, como Platão (428-347 a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.) e