lara
Thelma Belmonte
mestre em Letras pela UFSC
1. INTRODUÇÃO
O nosso país já vive um franco clima de disputa eleitoral para a sucessão de FHC. Em recente artigo da revista Veja (edição 1715, p. 40, 29 de agosto de 2001), o ex-presidente Itamar Franco aparece junto a Ciro Gomes e Leonel Brizola, em uma primeira tentativa de união de forças de oposição:
O curioso é que Itamar é o pai do Plano Real, viga mestra da política econômica em vigor, e até se irrita quando lhe negam essa paternidade. Por coerência, poderia ter reparos a fazer, mas fica difícil entender como rejeita em bloco tudo o que sua própria gestão fez.
Analisando o trecho do texto da renomada revista, perguntamos: Como a noção de ‘coerência’, que permeia os discursos dos vários atores do tecido social, pode contribuir para a compreensão dos atos sociais?
O presente trabalho tentará, ao término de suas considerações, apresentar sugestões que satisfaçam, mesmo que parcialmente, tal questionamento. O objetivo central será tecer considerações em relação à coerência como parte constituinte de um texto, levantando a sua importância na leitura crítica do discurso (LCD).
Para tanto, apresentaremos inicialmente uma breve exposição teórica a respeito de conceitos de ‘texto’ e ‘discurso’, a partir dos trabalhos de Halliday & Hasan (1976, 1989), Halliday (1985), Kress (1989) e Fairclough (1992a, 1995), que se encontram dentre os estudiosos que vêm o texto não apenas como fenômeno lingüístico mas também como fenômeno sociocognitivo.
Em seguida a essa exposição preliminar, apontaremos relevantes abordagens teóricas sobre ‘coerência’, um dos princípios de constituição e interpretabilidade de um texto, baseadas nas obras de de Beaugrande & Dressler (1981), Brown & Yule (1983), Charolles (1983, 1989), Koch & Travaglia (1990) e Shiro (1994). Visto isso, apresentaremos alguns pressupostos teóricos