Lampiao O Rei Do Cangaco
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LAMPIÃO: O REI DO CANGAÇO
Madrugada de 28 de julho de 1938. O sol ainda não tinha nascido quando os estampidos ecoaram na
Grota do Angico, na margem sergipana do rio São
Francisco. Depois de uma longa noite de tocaia, 48 soldados da polícia de Alagoas avançaram contra um bando de 35 cangaceiros. Apanhados de surpresa muitos ainda dormiam -, os bandidos não tiveram chance. Combateram por apenas quinze minutos.
Entre os onze mortos, o mais temido personagem que já cruzou os sertões do Nordeste: Virgulino
Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião.
Lampião e Maria Bonita
Era o fim da incrível história de um menino que nasceu no sertão pernambucano e se transformou no mais forte símbolo do cangaço. Alto - 1,79 metros -, pele queimada pelo inclemente sol sertanejo, cabelos crespos na altura dos ombros e braços fortes, Lampião era praticamente cego do olho direito e andava manquejando, por conta de um tiro que levou no pé direito. Destemido, comandava invasões a sítios, fazendas e até cidades.
Dinheiro, prataria, animais, jóias e quaisquer objetos de valor eram levados pelo bando. "Eles ficavam com o suficiente para manter o grupo por alguns dias e dividiam o restante com as famílias pobres do lugar", diz o historiador Anildomá Souza. Essa atitude, no entanto,
assistencialismo. conquistava a
não
Dessa
simpatia
era
puramente
forma, e o
Lampião apoio das
comunidades e ainda conseguia aliados.
Aba do chapéu de Lampião
Os ataques do Rei do Cangaço - como Lampião ficou conhecido - às fazendas de cana-deaçúcar
levaram
produtores
e
governos
estaduais
a
investir
em
grupos
militares
e
paramilitares. A situação chegou a tal ponto que, em agosto de 1930, o Governo da Bahia
HISTÓRIA – DAS CAVERNAS AO TERCEIRO MILÊNIO
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espalhou um cartaz oferecendo uma recompensa de cinqüenta contos de réis para quem entregasse, "de qualquer modo, o famigerado bandido". "Seria algo como duzentos mil reais hoje em dia",