Ladislau dowbor
“As realizações da ciência ultrapassam a nossa capacidade de administrar o poder que ela nos confere” - J.M. Roberts - History of the World[1]
As mudanças estruturais partem essencialmente das transformações tecnológicas. Quer utilizemos o conceito de divisão do trabalho de Adam Smith, ou o desenvolvimento das forças produtivas estudado por Marx, não há dúvida que o motor da história encontra-se nos processos produtivos.
As bases tecnológicas do nosso desenvolvimento estão passando pela mais dramática transformação da história da humanidade. Em nenhum momento, nem na imensa abertura que significou a Renascença, com gigantes como Leonardo da Vinci, nem no explosivo final do século passado, que nos deu a energia elétrica, o motor a combustão e as bases da física moderna, houve qualquer coisa que se comparasse com a atual abertura dos nossos horizontes. Considera-se hoje que os conhecimentos novos adquiridos nos últimos vinte anos correspondem grosso modo ao conjunto dos conhecimentos técnicos que a humanidade acumulou durante a sua história. Um balanço do estado da arte em termos de conhecimento do cérebro, por exemplo, constatava em meados de 1995 que 95% destes conhecimentos haviam sido desenvolvidos nos cinco anos anteriores.[2]
Qualquer balanço nesta área torna-se rapidamente desatualizado. Para efeitos metodológicos, no entanto, identificaremos alguns grandes eixos de transformação, porque muito do nosso futuro já está em boa parte contido nas transformações que hoje se consolidam.
O eixo da eletrônica, e particularmente o da informática, já invade literalmente o nosso cotidiano. Em termos de simples poder de tratamento de informações, considera-se que em dez anos este foi multiplicado por cem. A imagem utilizada para dramatizar este processo, é de um carro que hoje anda a 100 quilómetros por hora, e que em dez anos chegasse aos 10 mil. Mas enquanto o carro acelera as nossas