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A teoria das pulsões é, por assim dizer, nossa mitologia, escreve Freud (ESB, v. XXII, p.119). Essa frase expressa adequadamente o que Freud coloca logo na primeira página do seu artigo As Pulsões e seus destinos, a saber: o fato de que, apesar de uma teoria científica emergir a partir de uma série de fatos empíricos (no caso de Freud, de suas observações clinicas), ela implica um conjunto de conceitos que não são retirados dessas observações, mas que lhes são impostos a partir de um lugar teórico.
“Pulsão, diz Freud, é “um conceito situado na fronteira entre o mental e o somático”; ou ainda, “é o representante psíquico dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente” (ESB, v. XIV, p.142).
No sentido de tornar mais claro o significado dos vários termos empregados por Freud em torno da noção de representação, proponho a seguinte distinção:
Representação (Vorstellung)- é um dos representantes psíquicos da pulsão. Não se trata apenas de um correlato a nível psíquico do objeto, mas de uma inscrição desse objeto nos sistemas mnêmicos.
Representante psíquico (Psychischereprasentanz)- é a “representação” psíquica da pulsão. Esse termo é empregado por Freud com um sentido às vezes duplo: algumas vezes ele o utiliza para designar a própria pulsão enquanto representante das excitações somáticas, e outras vezes ele o emprega para designar o representante ideativo e o afeto enquanto representantes da pulsão.
Representante pulsional ( Triebreprasentanz)- Freud emprega esse termo ora como sinônimo de representante ideativo, ora como sinônimo de representante psíquico.
Representante ideativo (Vorstellungreprasentanz)- é um dos registros da pulsão no psiquismo( o outro é o afeto): o representante ideativo é o que constitui, propriamente, o conteúdo do inconsciente ( pois o afeto não...