kilombo
04 a 07 de julho de 2006, UFF, Niterói (RJ)
GT1 - A LUTA PELA TERRA E A POLÍTICA FUNDIÁRIA
DA SENZALA AO QUILOMBO
A Construção de Territórios Alternativos a Escravidão no Rio Trombetas – PA
Luiz Jardim de Moraes Wanderley∗ Programa de Pós-graduação em Geografia – UFRJ lulajardim@click21.com.br
Introdução
Apesar de haver ocorrido algumas incursões religiosas, militares e científicas no rio Trombetas, considerava-se este um dos afluentes do Amazonas menos explorado e conhecido pelos colonizadores, devido à existência de difíceis barreiras naturais (cachoeiras, corredeiras e densas florestas) a serem enfrentadas. Foram os índios e, posteriormente, os negros, escravos fugidos, quem transpuseram tais obstáculos e ocuparam os terrenos encachoeirados, que na atualidade ainda contém ínfima densidade populacional (ANTUNES, 2000).
O vale do Trombetas não chegou a presenciar uma densa ocupação capitalista até o fim do século XIX.O processo de ocupação do Trombetas ocorreu de forma lenta, gradual, e em épocas e por grupos étnicos distintos. Sobreposição e conflitos territoriais foram feições características neste espaço. O vale do rio Trombetas primeiramente foi ocupado por índios, que pressionados pela ocupação e perseguição dos colonizadores europeus fugiram das proximidades do baixo vale do rio Amazonas e se reterritorializaram nas regiões mais afastadas, nas terras firmes e protegidas dos rios tributários. A segunda territorialização se deu por grupos de escravos fugidos das senzalas das fazendas de cacau e gado localizadas nas proximidades do rio Amazonas. Os negros temendo as expedições de captura se juntaram aos índios nas áreas mais protegidas pelos sítios acidentados. Tal contato resultou em respostas variadas. Em alguns casos houve o convívio mútuo entre os dois grupos étnicos no mesmo território. Em outros provocou o afastamento ainda maior dos índios em relação