Nzinga mbandi dona ana de souza

8406 palavras 34 páginas
Nzinga Mbandi Dona Ana de Sousa: princesa do Ndongo, rainha de Matamba

Mariana Bracks Fonseca.

O título deste artigo pretende evidenciar a sobreposição de nomes, rituais, ideias que estavam presentes no contato dos Mbundo com os portugueses no século XVII. O que significou a cerimônia de batismo da embaixadora do soberano do Ndongo? Como e porque ela aceitou o cristianismo? Deveríamos chamá-la de princesa? O termo princesa foi usado sem hesitações por Cavazzi[1], capuchinho que acompanhou os últimos anos de Nzinga, e foi muitas vezes repetido pelo historiador Glasgow[2]. Miller, que apesar de defender a falta de legitimidade de Nzinga enquanto soberana do Ndongo, cai na contradição de iniciar seu artigo[3] chamando-a de “queen”, apresentando-a como monarca Mbundo no século XVII. Nzinga Mbandi nasceu em 1582 e foi apresentada pela maioria das fontes[4] como filha de Nzinga Mbandi Ngola, tido pelas tradições como o oitavo Ngola, título do soberano do reino do Ndongo. Era a irmã mais velha de Ngola Mbandi, que assumiu aposição Ngola em 1617, e teria outras duas irmãs mais novas, Kifunje e Mocambo. Mas as pesquisas de Miller[5] relativizaram o termo “irmão”, que não significa necessariamente parentesco biológico e poderia ter sido usado no século XVII para designar títulos de equivalência política, assim como os termos “pai” e “filho”, que representariam a hierarquia entre títulos. Diante destes estudos, ficou mais difícil tecer afirmações sobre a família de Nzinga Mbandi e construir a genealogia dos reinos centro-africanos no século XVII. Miller defende a ilegitimidade de Nzinga e diz que ela era apenas meia-irmã de Ngola Mbandi, filha do antigo soberano com uma escrava. Esta informação aparece apenas nos escritos de Curvelier[6], tido por Heintze como um trabalho pouco fiável e romanceado, que não consultou fontes históricas. Sem questionar a informação, Miller coloca a escravidão

Relacionados

  • Nzinga Mbandi
    60587 palavras | 243 páginas
  • Atps
    7824 palavras | 32 páginas
  • pedagogia
    114310 palavras | 458 páginas
  • História do negro no brasil
    6731 palavras | 27 páginas
  • História de Angola
    52762 palavras | 212 páginas
  • princesas
    35932 palavras | 144 páginas
  • Mariza de Carvalho Rotas Atl nticas da Di spora Africana
    122235 palavras | 489 páginas
  • Artigo
    182230 palavras | 729 páginas
  • Enegrecendo o feminismo
    46670 palavras | 187 páginas
  • 2010 RodrigoFaustinoniBonciani
    141717 palavras | 567 páginas