Kaspar Hauser

“A sociedade é determinante na formação do indivíduo, dando-lhe os referenciais necessários para uma vida completa.” (Immanuel Kant – 1781).
“O Enigma de Kaspar Hauser” (Jeder Für Sich und Gott Gegen Alle - Alemanha, 1974), do produtor Werner Herzog, drama baseado na história de um jovem que foi encontrado numa praça, em Nuremberg, no ano de 1828. Ele não falava, mal ficava de pé e foi encontrado segurando uma carta anônima endereçada ao Capitão da Cavalaria local, que pedia que ele fosse transformado num cavaleiro como seu pai.
O jovem Kaspar Hauser foi criado completamente isolado e privado das necessidades básicas, recebendo apenas alimentação e abrigo de maneira precária, pois conhecia apenas o sabor do pão e da água. Tinha consigo um único objeto com o qual interagia de maneira primária, um cavalinho de madeira. Não sabia andar e nem falar, mal percebia seu alimentador, que só lhe entregava as “rações” quando já estava escuro. Quando atinge certa idade, seu alimentador o ensina a equlibrar-se de pé e a ler e escrever precariamente, então o abandona na praça.
Acolhido por um professor teve iniciado seu processo de socialização. Aprendeu a ler e escrever, tocar piano e interagir com os outros. Embora ingênuo e infantil, tinha uma memória notável e “arquivava” rapidamente tudo que aprendia, porém não da maneira que um ser humano socializado desde o nascimento é capaz de fazer. O jovem desenvolve um modo muito particular de enxergar as coisas e as pessoas e mesmo já interagindo com os membros da comunidade a qual foi inserido, não era capaz de entender e aceitar os dogmas religiosos que lhe tentavam impor, a lógica e o raciocínio matemático da maneira tradicional e nem a posição das pessoas dentro daquela sociedade – um exemplo disto é notado quando ele questiona a governanta da casa do professor, perguntando-lhe “para que servem as mulheres”.
A forma como via e entendia as situações da vida fizeram com que Kaspar Hauser fosse visto como um ser “diferente”,