Kaspar hauser
Através do filme podemos fazer uma breve reflexão sobre o papel da linguagem na vida de Kaspar Hauser.
Passou toda sua infância e adolescência preso numa cela pequena e amarrado como um animal. Ele não tinha contato com ninguém, a não ser com o homem que o aprisionou, mesmo assim este homem pouco aparecia na vida de Kaspar. Recebia alimentação somente no período em que estava dormindo e esta era vazia de nutrientes, apenas pão e água, uma forma bastante cruel e covarde de lidar com um ser humano. Kaspar ficou aprisionado até os 15 anos e a única coisa que permanecia ao lado dele como forma de linguagem e interação com o mundo era um pequeno cavalo de madeira e ele o chamava de cavalo simplesmente.
Para Kaspar as frases não trazem sentido algum, estão longe de produzirem significados porque ele não viveu a experiência da linguagem nas relações intersubjetivas.
Vimos no livro Analise do Discurso de Eni Orlandi que nos estudos discursivos, não se separam forma e conteúdo e procura-se compreender a língua não só como uma estrutura mas sobretudo como acontecimento do significante (língua) em um sujeito afetado pela história.
Kaspar que não passou por um processo de aprendizagem, não teve condições físicas, psicológicas nem de qualquer outra ordem para que pudesse utilizar da linguagem e pior Kaspar não tinha noção de sentidos, da vida! Teve muitos anos de sua vida anulada, sem saber o que estava acontecendo em sua volta, sem saber o que acontecia fora daquele espaço onde o mantinham.
Destaca-se dentro deste contexto uma frase que diz assim:”A linguagem é linguagem porque faz sentido e a linguagem só faz sentido porque se inscreve na história”.
Deste modo vemos que Kaspar não fazia sentido dentro de um momento sócio-histórico, levando em consideração a forma desumana em que sobreviveu no cativeiro.
Kaspar Hauser como sujeito
Entramos agora numa discussão de sujeito onde para que haja sentido é necessário haver significação não se