Kaspar hauser
A análise do filme, o enigma de Kaspar Hauser, se passa no século XIX. Kaspar vivia em um calabouço sem contato com outros homens, desconhecia a fala, uma casa ou uma árvore. Até que um homem entrou no local, onde ele vivia e abandonou-o em Nurembergue, onde Hauser teve seu primeiro contato com a sociedade.
O filme trata-se de uma questão que relaciona língua, pensamento, conhecimento e realidade. Para Kaspar a linguagem não tem a mesma serventia que teria para o homem comum, para o indivíduo ocidental envolto em uma sociedade mais ou menos padrão. Kaspar Hauser não tem o desenvolvimento dito normal, não aprende a realidade por meio do conhecimento para depois relacioná-la com a linguagem, traduzindo experiência em língua, vivência em lembrança, realidade em ficção. Para ele o caminho é o inverso, tem de retirar da ficção que não conhece a realidade que não presenciou, da lembrança que não é sua a vivência que não passou, da língua que não domina a experiência que não possui. Kaspar Hauser é uma espécie de avesso, de reflexo contrário. A socialização primária e secundária. Na primeira, que consiste durante a infância, quando esta assume papéis desempenhados pelos seus próximos, através da imitação, não é revelada inicialmente no filme de Kaspar Hauser, já que este não aprendeu durante a sua infância, o uso da voz, a possibilidade de diálogo, a construção de uma mensagem calculada em outra mensagem recebida, a transmissão no tempo e no espaço. Essa socialização primária ocorre tardiamente, como nas cenas, em que Kaspar observa e passa a imitar os hábitos básicos, como se alimentar utilizando talheres e obter o desenvolvimento de suas percepções. Já a segunda, refere-se ao respeito às regras externamente elaboradas e generalizadas. Essa socialização secundária é verificada nas cenas, em que Kaspar é ensinado a escrever e a tocar piano. Além disso, Kaspar é induzido a aceitar a presença de Deus.
Kaspar Hauser foi criado no isolamento e privado de