Karl Marx
“Isso é sobretudo evidente nas crenças e práticas que nos são transmitidas inteiramente prontas pelas gerações anteriores; recebemo-las e adotamo-las porque, sendo ao mesmo tempo uma obra coletiva e uma obra secular, elas estão investidas de uma particular autoridade que a educação nos ensinou a reconhecer e a respeitar. Ora, cumpre assinalar que a imensa maioria dos fenômenos sociais nos chega dessa forma. Mas, ainda que se deva, em parte, à nossa colaboração direta, o fato social é da mesma natureza. Um sentimento coletivo que irrompe numa assembléia não exprime simplesmente o que havia de comum entre todos os sentimentos individuais. Ele é algo completamente distinto, conforme mostramos.” (DURKHEIM, 2007:9)
Assim, podemos delimitar bem o objeto de estudo da sociologia. Os fatos sociais, que são maneiras de fazer algo, como se portar ou pensar, se localizam no exterior das consciências individuais, ainda que nelas opere alguma repercussão, sendo sempre movidos por energias sociais de origem coletiva, nunca individual. Se todos os indivíduos de determinada sociedade com ele concordam, o fazem no sentido desta força externa que move seus sentimentos na direção dos referidos fatos. Tal capacidade de coerção sobre os indivíduos, aliada à sua difusão do grupo, é a característica marcante dos fatos sociais, que se torna visível quando observamos a imposição de sanção ou de resistência a qualquer tentativa individual de a eles se opor. Assim