Kant
PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL1
Dermeval Saviani2
A SITUAÇÃO ATUAL DA EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
No decorrer do século XX o Brasil passou de um atendimento educacional de pequenas proporções, próprio de um país predominantemente rural, para serviços educacionais em grande escala, acompanhando o incremento populacional e o crescimento econômico que conduziu a altas taxas de urbanização e industrialização.
Em termos quantitativos constatamos que a matrícula geral saltou de 2.238.773 alunos (ensino primário: 2.107.617; ensino médio: 108.305; ensino superior: 22.851) em 1933 para 44.708.589 (primário: 35.792.554; médio: 6.968.531; superior:
1.947.504) em 1998 (BRASIL, 2003, p. 106). Considerando-se que a população do país girava em torno de 40 milhões em 1933, passando a aproximadamente 167 milhões em
1998, conclui-se que, enquanto a população global quadruplicou, a matrícula geral aumentou vinte vezes. Vê-se, assim, que, relativamente, a trajetória do século XX representou, do ponto de vista quantitativo, um significativo avanço no campo educacional. Esse avanço quantitativo representou praticamente a universalização do acesso ao ensino fundamental, que corresponde à escolaridade obrigatória de 8 anos, recentemente elevada a 9 anos com a incorporação das crianças de 6 anos de idade.
Com isso vieram à tona os problemas relativos à qualidade atestados pelas avaliações tanto nacionais como internacionais que reiterativamente evidenciam o insuficiente desempenho assim como a dificuldade de universalização da conclusão do ensino obrigatório. Conforme a “Síntese de Indicadores Sociais” divulgada pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 9 de outubro de 2009, metade
(50,2%) dos brasileiros não concluiu o ensino fundamental. Nessa discussão sobre o problema da qualidade do ensino a formação de professores se converteu, atualmente, numa das questões mais