Kant e o papel do governo na felicidade individual
Na concepção kantiana a liberdade é agir segundo as leis, os homens são livres quando são causados a agir, não conforme o dever, mas sim pelo só fato de se tratar do dever. A ética é um compromisso de seguir o próprio preceito ético fundamental pelo só fato de segui-lo em si e por si. “ Precisamente nele se estriba o valor do caráter, moral, o caráter que, sem comparação, é o supremo: em fazer o bem não por inclinação, mas sim por dever.” (Kant, Fundamentos da metafísica dos costumes, trad, p. 43). O agir livre é o agir moral; o agir moral é agir de acordo com o dever; o agir de acordo com o dever é fazer de sua lei subjetiva um princípio de legislação universal. Assim, agir de acordo com o imperativo categórico é a suma ética kantiana.
A boa vontade não é boa pelo que efetivamente realize, não é boa pela sua adequação para alcançar determinado fim a que nos propusemos; é boa somente pelo querer; digamos, é boa em si mesma. Considerada em si própria, é, sem comparação, muito mais valiosa do que tudo o que por meio dela pudéssemos verificar em proveito ou referência de alguma inclinação e, se quisermos, da suma de todas as inclinações. (Kant, Fundamentos da metafísica dos costumes, trad, p. 38)
Na filosofia moral kantiana a vontade aparece como absolutamente autônoma e a suprema liberdade da vontade residirá exatamente em estar vinculada ao imperativo categórico, que é condição de liberdade e não de opressão do espírito. Isso porque a liberdade, para Kant, tem um conceito bastante preciso: ausência de obstáculos internos e externos, positivo ou negativos. “Vontade é uma espécie de causalidade dos seres vivos, enquanto racionais, e liberdade seria a propriedade desta causalidade, pela qual pode ser eficiente, independentemente de causas estranhas que a determinem.” (Kant, Fundamentos da metafísica dos costumes, trad, p. 101). Essa vontade constitui-se autonomamente e independentemente de