Texto
Eu não sou razoável, eu sou racista, eu sou elitista, Eu sou burra./
Eu tenho a sensação que eu to ficando louca,/ porque no íntimo não sinto nem penso como os outros, não tenho os mesmos interesses,/ não tô nem aí pro destino do planeta, não to nem aí pra política, / não acredito em uma palavra do que as pessoas dizem, / não acredito na boa intenção de ninguém. Tudo farsa. /
Duvido desse amor que as pessoas dizem que sentem pelas crianças./
Não pode ser verdade. Qual é a graça? Qual é o prazer? /
São barulhentas, exigem atenção o tempo todo, sugam as energias de qualquer um,/ a gente precisa sempre estar pensando neles antes de pensar na gente. E o medo que eles morram?/
A troco de que botar alguém no mundo que vai acabar com a tua liberdade pro resto da vida. /
Eu não vou ter filho nunca, mas como sabê-los? /Eu prefiro morrer sem saber, poeta. Vou morrer sem saber, graças a Deus./
Eu não compreendo todos os textos que eu leio. /Não entendo esses intelectuais, cronistas, muita enrolação pra pouca comunicação. / Música é a única arte que presta,/ porque preenche a vida da gente, /alegra, complementa/. É bom ter trilha sonora. /A coisa mais importante das novelas e do cinema é a trilha sonora. /Se fosse tudo só silêncio e palavras não haveria comoção. /A música é que nos faz achar que aquilo a que estamos assistindo é realmente uma coisa importante e que a vida da gente também podia ser assim, feito filme. /Música é a ilusão necessária, a única./
E já que eu to abrindo o jogo, eu vou dizer .../ eu odeio pobre, odeio esses miseráveis de rua, eu não sofro por eles. /
Ninguém tem cura. /Tá todo mundo fingindo. /Ninguém gosta de emprestar dinheiro,/ de fazer favor pra parente/, de livro de mais de duzentas páginas/, de telefonar pro amigos no dia do aniversário, /ninguém se importa com os amigos./ Existe amigo? Será ?/ A gente se esforça porque quer ter companhia pra de vez em