Texto
IN: CECCANTINI, J.L. Tápias; PEREIRA, Rony F.; ZANCHETTA JR., Juvenal.
Pedagogia Cidadã: cadernos de formação: Língua Portuguesa. v. 1.
São Paulo: UNESP, Pró-Reitoria de Graduação, 2004. p. 113-128.
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TEXTO, TEXTUALIDADE E TEXTUALIZAÇÃO
Maria da Graça Costa Val
(Faculdade de Letras da UFMG)
O QUE É TEXTO?
Há algum tempo, entendia-se como texto apenas os escritos que empregavam uma linguagem cuidada e se mostravam “claros e objetivos”. Já não se pensa mais assim.
Hoje, com o avanço dos estudos lingüísticos, discursivos, semióticos e literários, mudou bastante o conceito de texto. Falando apenas de texto verbal, pode-se definir texto, hoje, como qualquer produção lingüística, falada ou escrita, de qualquer tamanho, que possa fazer sentido numa situação de comunicação humana, isto é, numa situação de interlocução. Por exemplo: uma enciclopédia é um texto, uma aula é um texto, um e-mail é um texto, uma conversa por telefone é um texto, é também texto a fala de uma criança que, dirigindo-se à mãe, aponta um brinquedo e diz “té”.
Um ponto importante nessa definição é “que possa fazer sentido numa situação de interlocução”. Isso significa duas coisas: a) nenhum texto tem sentido em si mesmo, por si mesmo; b) todo texto pode fazer sentido, numa
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determinada situação, para determinados interlocutores .
Retomando o exemplo acima, “té” não chega a ser propriamente nem ao menos uma palavra da língua portuguesa; portanto, isolada, fora da situação em que foi usada, não tem nem deixa de ter sentido. No entanto, quando pronunciada por uma criança e dirigida à mãe, acompanhada do gesto de apontar um brinquedo, passa a ser um texto bom e completo, pode ser interpretada como o verbo “quero”, pronunciado de acordo com as possibilidades do locutor naquele momento, e significando um pedido da criança de que a mãe lhe dê o brinquedo. Do mesmo modo, um e-mail que só traz a pergunta “E aí,