judo
Judô, um esporte com sangue japonês.
O judô brasileiro tem nome, sobrenome e sangue japonês. É uma marca tão forte quanto ter olhos puxados. Chiaki Ishii, nosso primeiro judoca a conquistar uma medalha nas Olimpíadas de Munique, em 1972, é um japonês naturalizado. Formado em pedagogia, ele fazia parte da equipe de judô da universidade de Waseda, mas acabou sendo atraído pelo programa de imigração para o Brasil, onde sonhava ser fazendeiro. O segundo judoca da equipe brasileira, Lhofei Shiozawa, é filho de imigrantes, e o técnico da seleção, Shuhei Okano, um japonês naturalizado. Quando chegou ao país, seis anos antes dos Jogos Olímpicos, Okano era um faixa-preta quinto Dan e estava entre os 30 melhores judocas do Japão. A língua oficial dos treinos da seleção brasileira era o japonês. “Ninguém sobrevivia do judô. Por isso, os atletas e eu tínhamos outro trabalho. Só treinávamos duas horas à noite, depois do expediente”, lembra Okano, que se formou em Direito pela Universidade Chuo e veio ao Brasil para trabalhar como administrador de uma empresa japonesa. Mais que a conquista pessoal, a medalha de bronze de Ishii abriu as portas para que o esporte se popularizasse no Brasil e começasse a formar atletas de ponta. O número de praticantes no país já anda na casa dos dois milhões, o mesmo número do Japão, onde o esporte nasceu em 1882. A partir dos Jogos de Los Angeles, em 1984, o judô brasileiro esteve presente em todas as olimpíadas, sempre conquistando uma medalha. A mais inesquecível, no entanto, foi a primeira de ouro, ganha pelo brasileiro- Aurélio Miguel-, em Seul, em 1988. Seu mestre, que marcou sua carreira foi Massao Shinohara, um filho de imigrantes que cresceu na colônia japonesa em Presidente Prudente. Além disso, antes de cada competição importante, Aurélio passava por um rigoroso estágio de treinos no Japão, onde se sentia em casa. Trinta e dois anos após a