Jovem como sujeito social
O jovem como sujeito social
Juarez Dayrell
Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação
Introdução
Neste artigo tratamos de jovens ligados a grupos musicais, especificamente de rappers e funkeiros. Mas a discussão não será em torno dos estilos rap e funk em si mesmos, o que de alguma forma já discuti em artigos anteriores.1 Proponho um olhar sobre os jovens para além dos grupos musicais, buscando compreendê-los como sujeitos sociais que, como tais, constroem um determinado modo de ser jovem. Ou seja, a pergunta sobre quem são esses jovens que participam de grupos de rap e funk.
Ao analisar a produção teórica sobre os grupos musicais juvenis no Brasil, pelo menos aquelas a que tivemos acesso,2 percebi uma tendência na descrição e análise dos grupos em si mesmos, possibilitando o
1
Ver Dayrell (1999, 2001, 2002a, 2002b).
2
Vianna (1987); Sposito (1993); Kemp (1993); Costa
(1993); Abramo (1994); Guerreiro (1994); Guimarães (1995);
Andrade (1996); Cechetto (1997); Silva (1998); Arce (1999);
Herschmann (2000); Tella (2000).
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conhecimento da sua realidade cotidiana, a forma como constroem o estilo, os significados que lhe atribuem e o que expressam no contexto de uma sociedade cada vez mais globalizada. Esses estudos muito contribuíram para problematizar a cultura juvenil contemporânea, evidenciando, por meio dela, os anseios e os dilemas vividos pela juventude brasileira.
Contudo, apesar de suas contribuições, essa produção teórica apresenta uma lacuna. Ao construírem o seu objeto, tais investigações recortam de tal forma a realidade dos jovens que dificultam a sua compreensão como sujeitos, na sua totalidade. Podemos até conhecer o jovem como um rapper ou um funkeiro, mas sabemos muito pouco a respeito do significado dessa identidade no conjunto que, efetivamente, faz com que ele seja o que é naquele momento.
Por outro lado, nos deparamos no cotidiano com uma série de imagens a