Paulo carrano
IDENTIDADES CULTURAIS JUVENIS E ESCOLAS: ARENAS DE CONFLITOS E POSSIBILIDADES PAULO CARRANO*
NOS DIFERENTES DEBATES SOBRE os jovens e a juventude em seus relacionamentos com a escola tenho me deparado com depoimentos de professores e administradores escolares que narram algo que poderíamos denominar como uma situação de incomunicabilidade entre os sujeitos escolares. Da parte dos professores os jovens alunos são comumente rotulados de desinteressados pelos conteúdos escolares, apáticos, indisciplinados, alguns violentos, tidos como de baixa cultura, com sexualidade exacerbada e alienada, hedonistas e consumistas. Alunos, por sua vez, dão testemunho de uma experiência pouco feliz no ambiente escolar, especialmente quando se trata de aulas e professores: aulas chatas e sem sentido prático, professores despreparados e «sem didática», autoritarismos de docentes e administradores, espaços pobres e inadequados, ausência de meios educacionais (principalmente acesso a computadores e internet), ausência de atividades culturais e passeios. Isso tudo num quadro social e econômico no qual a escolarização das * Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil. Bolsista Produtividade do CNPQ, nível 2. Correo electrónico: p.carrano@globo.com. Artículo originalmente publicado en ANTONIO FLÁVIO MOREIRA y VERA MARIA CANDAU (organizadores) (2008): Multiculturalismo: diferenças culturais e prácticas pedagógicas. Petrópolis (RJ): Editora Vozes. Diversia. Educación y Sociedad cuenta con la debida autorización del autor y la editorial para su publicación. 160 Identidades culturais juvenis e escolas novas gerações se massificou em regime precário e, ao mesmo tempo, deixou de representar garantia de inserção social e profissional. Sem a pretensão de esgotar neste artigo o conjunto de fatores capazes