Resumo Capitulo 6 e 7 PLT Multiculturalismo
Observações da autora em escolas.
Não é o que acontece nas escolas que a autora visitou. Muitos professores da disciplina são neopentecostais ou católicos, o que na maioria dos casos significa limitar as aulas apenas a essas duas abordagens. Sobre as religiões afro-brasileiras, apenas um enorme silêncio. Uma das professoras de religião entrevistadas admitiu que selecionava os textos para suas aulas, procurando o que havia de comum entre catolicismo e religiões neopentecostais. À pergunta se sabia que tinha alunos de religiões de matriz africana, ela apenas explicou: "Claro que sei. Mas eles leram o texto que passei, viram que estavam errados e vieram para o catolicismo."
Situações como essas costumam fazer com que alunos praticantes do candomblé omitam sua religião, declarando-se católicos, escondam marcas e guias religiosos. Expor-se como adeptos do candomblé quase sempre significa ser chamado pelos demais estudantes de macumbeiro, no sentido pejorativo, ouvir declarações que desclassificam sua religião. Humilhações que levaram Luana, uma outra criança que também fez parte da pesquisa, a certa altura da adolescência declarar a Stela: "Quero ser crente. Na escola, só gostam dos alunos crentes."
No caso de Ricardo Nery, cujo depoimento começa na segunda orelha do livro, é ele mesmo quem conta: "Sou a criança da contracapa. Senti o preconceito desde muito cedo. (...) O efeito da matéria publicada na Folha Universal foi arrasador. Me senti excluído por muitos amigos do colégio onde estudava e essa é uma fase da infância que procuro até hoje esquecer", declara o ogã de Xangô, função que, com orgulho, ocupa até hoje, aos 24 anos, no terreiro de Mãe Palmira, em Mesquita, na Baixada fluminense.
"Nesses 20 anos de pesquisa, não vi nenhuma mudança de comportamento, seja de maior tolerância religiosa ou de uma diminuição no racismo. Acho que a discriminação é profunda, que ou invizibiliza o que é