José Paulo Netto
"Com o golpe militar de abril de 1964, instaurou-se no país a ditadura militar, abafando todas as oposições contrárias ao regime. Mesmo diante do quadro moldado na sociedade, novamente movido pelas contradições, surgiu no bojo da profissão o Movimento de Reconceituação, contrário ao Serviço Social tradicional de caráter eminentemente positivista. Impossibilitado de questionar-se socialmente, devido às manifestações e críticas de caráter social, político e econômico que estavam proibidas, o Serviço Social questionou-se metodologicamente (Neto, 1991).
No final do século XX e início do século XXI, podemos perceber, diante dessa análise, que os termos dessa questão foram alterados; houve uma evolução qualitativa nas produções teóricas desenvolvidas, mas o problema de legitimidade da profissão permanece em aberto, incluindo outros que foram surgindo com as diferentes demandas sociais (Neto, 1996).
Sobre a legitimidade da profissão, coloca-se ainda uma outra questão: áreas de intervenção, tradicionalmente legitimadas para o Serviço Social, estão acessíveis a outras áreas, onde os profissionais desempenham papéis e tarefas junto com os assistentes sociais, pondo em xeque essa legitimidade anteriormente alcançada. A Psicologia Social, Sociologias Aplicadas, Administração de Recursos Humanos e Educação estão entre elas. Absolutamente compreensíveis na dinâmica da divisão sócio-técnica do trabalho, esses desafios da multidisciplinaridade só podem ser enfrentados positivamente com o desenvolvimento de novas competências sociopolíticas e teórico-instrumentais (Neto,1996).
O problema de formação profissional não pode continuar se fechando somente em termos