José novos poemas
Ao começarmos a estudar as obras José e Novos Poemas, tentamos desvendar alguns aspectos que ainda não haviam sido comentados nos seminários anteriores. Como trata-se do mesmo autor foi inevitável não repetir nenhum deles. Mas apresentamos aqui a nossa visão das peculiaridades de Drummond no cenário brasileiro de nossa poesia no século passado.
Para nós foi importante situá-lo a tradição da modernidade, embora os primórdios da revolução/ruptura em nosso meio poético tenha se dado com a Semana de Arte Moderna de 1922, evidenciam-se em CDA os traços gerais da modernidade tal qual descrita por Hugo Friedrich em A estrutura da lírica moderna.
Pretendemos que nossa pesquisa se aplicasse mais às obras estudadas (José e Novos Poemas).
Consideramos que a lírica de Drummomd analisada sob os aspectos de Friedrich ganha traços de universalidade e atemporalidade indispensáveis à leitura crítica de CDA. Destacamos da lírica moderna as seguintes características: dissonância e anormalidade que geram uma tensão que tende mais à inquietude que à serenidade, simplicidade da exposição em relação ao que é dito, precisão com absurdidade, dramaticidade agressiva do poetar :“O leitor não se sente protegido mas, sim, alarmado”, (Friedrich, p.17), ou seja, não pretende satisfazer ao hábito do leitor. Temos ainda as categorias negativas — entendidas como modo de definição e positivamente — , entre elas destacam-se: desorientação, dissolução do que é coerente, ordem sacrificada, incoerência, fragmentação, reversibilidade, estilo de alinhavo, poesia despoetizada, lampejos destrutivos, imagens cortantes, repentinidade brutal, deslocamento, modo de ver astigmático (irregular), estranhamento,etc. (Friedrich, p.22).
Enquanto discutíamos a presença das categorias negativas na poética drummondiana, pensamos que em alguns aspectos ela diferia de todas as caracterizações, porém ao reler atenciosamente os poemas vislumbramos que eles vão ao encontro do preconizado por Friedrich.