Joseph nye
15 de fevereiro de 2013 | 2h 02 - Project Syndicate - O Estado de S.Paulo
O segundo aniversário da Primavera Árabe no Egito foi marcado por tumultos na Praça Tahrir. Muitos observadores temeram que suas projeções otimistas em 2011 fossem frustradas. Parte do problema é que as expectativas foram desvirtuadas por uma alegoria que descrevia os acontecimentos em termos de curto prazo. Se no lugar de "Primavera Árabe" tivéssemos falado de "revoluções árabes", as perspectivas seriam mais realistas. Revoluções se estendem por décadas, não por um determinado período ou anos.
Foi o caso da Revolução Francesa, que teve início em 1789. Quem teria previsto que, dentro de uma década, um obscuro soldado corso levaria o Exército francês até as margens do Rio Nilo ou que as guerras napoleônicas tumultuariam a Europa até 1815? Se pensarmos em termos de revoluções árabes, muitas surpresas ainda virão.
Até agora muitas monarquias árabes tiveram legitimidade, dinheiro e força suficientes para sobreviver às revoltas populares que derrubaram autocratas republicanos seculares, como Hosni Mubarak, do Egito, e Muamar Kadafi, da Líbia, mas esse processo revolucionário teve início há apenas dois anos.
Essas revoluções políticas árabes incorporam um processo mais profundo e mais longo de mudanças radicais que, às vezes, é chamada de revolução da informação. Não conseguimos ainda compreender inteiramente suas implicações, mas ela vem transformando fundamentalmente a natureza do poder no século 21, em que todos os Estados existem num ambiente em que nem mesmo as autoridades mais poderosas dispõem de uma capacidade de controle semelhante à que tinham no passado.
Os governos sempre se preocuparam com o fluxo e o controle da informação e a nossa não foi a primeira a ser fortemente afetada pelas espetaculares mudanças no campo da tecnologia da informação. A imprensa tipográfica de Gutenberg foi importante para a Reforma protestante e para as