Jogo entre papéis e estatutos sociais
No quotidiano agimos e reagimos a tudo o que nos rodeia, desenvolvendo um conjunto de expetativas relativamente aos outros. Esta interação está na base da chamada socialização, onde os indivíduos sociais aprendem o modo de vida da sociedade em que vivem. Uns dos aspetos que mais contribuem para a socialização é a apreensão de papéis sociais, porque estes correspondem a expetativas socialmente definidas seguidas pelas pessoas de uma determinada posição social. Assim, a socialização é o processo pelo qual os seres humanos se tornam agentes. Os indivíduos concebem e assumem papéis sociais no decurso de um processo de interação social. Simultaneamente, na concretização dos papéis sociais, os agentes são reconhecidos, positiva ou negativamente. A este reconhecimento atribui-se o nome de estatuto. Isto é, o estatuto surge em virtude dos papéis desempenhados. Estamos, pois, a ver que existe uma reciprocidade e é nesta influência mútua que se aplica o termo jogo. Num jogo há uma relação entre várias peças de acordo com certas regras. Também quem execute certos papéis espera algo em troca: o estatuto. Da mesma forma, quem possui certo estatuto é porque a sociedade lhe reconhece certo desempenho de papéis. Evidentemente que diferentes papéis exigem estatutos também diferentes. Durante o processo contínuo de socialização, o indivíduo procura o desempenho de diferentes papéis e, consequentemente, diferentes estatutos. Alguém que, por enriquecimento ou por esforço próprio, exerce novos papéis procura uma mobilidade social que faz surgir os correspondentes estatutos. Mas, atenção, nem sempre os papéis motivam o aparecimento imediato de estatutos. Muitas vezes exige-se ao sujeito muitas provas e desempenhos de papéis para que seja reconhecido.