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Mylene Mizrahi
PPGSA-IFCS-UFRJ
RESUMO
A partir de pesquisa de campo que empreendo para tese de doutorado e do material etnográfico recolhido para dissertação de mestrado2, proponho uma reflexão sobre o processo criativo funk que vincule estética e política. O funk é uma manifestação estético-cultural que tem-se revelado profundamente associada às relações de poder que lhe conformam e que norteiam fortemente as relações sociais articuladas em seu entorno. Observamos que a dinâmica criativa funk possui como um de seus móveis fundamentais uma peculiar destreza em desestabilizar o poder estabelecido oficialmente por meio de um senso estético próprio.
Desvenda-se, assim, um processo de criação artística que se apóia em sucessivos englobamentos, empréstimos e apropriações, engendrando uma constante produção de imagens e contra-imagens. Esta produção criativa funk se alimenta de um acervo imagético concreto e/ou virtual, mas encontra-se essencialmente referenciada pelo imaginário de seus sujeitos criativos. Parece ser distintivo do funk uma lógica subversiva tal que, alavancada pela disputa – seja esta interna ou externa –, resulta como próprio do funk se construir por oposição ao que lhe pareça representar “a sociedade”. Entretanto, será visto que as fronteiras e cisões, surpreendentemente, ao invés de reificadas, podem tornar-se embaralhadas ou diluídas. PALAVRAS-CHAVE: englobamento, subversão, riso.
INTRODUÇÃO
Esta comunicação3 consiste em uma reflexão inicial e que deverá alicerçar o primeiro capítulo de minha tese de doutorado, uma etnografia da arte, construída em torno de um MC de funk carioca, Mr. Catra, e o mundo articulado à sua volta. A tese se estruturará através de dois eixos analíticos. Um deles trata da criação artística e do papel que possuem as imagens nesse processo. Esta abordagem da imagem será acompanhada da categoria nativa “mente”, recorrente nas falas dos sujeitos criativos