Artigo sobre Doença Cardiovascular e Diabetes
N
avanços extraordinários nas várias disciplinas da medicina. Na diabetologia isso foi notável com a descoberta da insulina e das drogas antidiabéticas orais. Uma doença que inicialmente levava à morte rapidamente aqueles com produção de insulina deficiente, tornouse uma patologia crônica. Ainda, enormes avanços foram conseguidos no campo de diagnóstico, chegando até ao final do século a possibilidade de realização de diagnósticos etiológicos muito precisos, como por exemplo a determinação de marcadores imunológicos do diabetes tipo 1 (DM1) e algumas formas genéticas do diabetes. Essa melhoria acentuada na expectativa de vida dos pacientes com diabetes trouxe à tona o problema das complicações crônicas secundárias à exposição prolongada à hiperglicemia e outras alterações bioquímicas e metabólicas a ela associadas. No mesmo século, pudemos aprender como evitar, pelo menos parcialmente, o surgimento e a progressão das complicações microvasculares do diabetes, que, como era esperado, envolve a otimização do controle glicêmico (1-3), mas também a redução dos níveis pressóricos (4) e especialmente a associação de ambos (5).
No entanto, o mesmo não foi verdadeiro para a doença macrovascular associada ao diabetes, a qual refere-se à cardiopatia isquêmica, doença arterial periférica e doença cerebrovascular. Principal causa de morte nos indivíduos com DM1 (6) e tipo 2 (DM2) (7,8), as doenças cardiovasculares pouco haviam sido afetadas pela intervenção dirigida a melhor controle glicêmico idealizada pelos grandes ensaios clínicos dos anos 90
(DCCT e UKPDS), no DM2 provavelmente pela necessidade de intervenção multi-fatorial na prevenção da doença cardiovascular, e no DM1 provavelmente pela baixa idade dos participantes à entrada no estudo.
Sabe-se também que a doença cardiovascular é complexa, com envolvimento de fatores inflamatórios, metabólicos e genéticos. Mais recentemente, no entanto, o seguimento mais prolongado