A importância de Jean Rouch para o cinema Jean Rouch era adepto do pensamento de que se a neutralidade da câmera e do gravador era impossível porque tentar dissimula-los? Defendia que era mais inteligente então usa-los como instrumentos para produção de eventos e com o objetivo de criar situações reveladoras. Rouch foi inovador no que diz respeito as configurações do documentário inaugurando um modo participativo de cinema. Pela primeira vez a presença do realizador foi potencializada ao invés de dissimulada. Isso ocorre principalmente em “Cronicas de um verão” onde Morin e Rouch tornaram-se personagens do próprio filme, interagindo com os demais atores sociais, procurando revelações e verdades ocultas. A presença dos cineastas influenciava na força dinâmica do filme. Eles deixaram de lado a ideia de que a não intervenção seria melhor para que se mantivesse a “verdade” dos eventos. Para Rouch a intervenção significava a condição de possibilidade da revelação, pela palavra, daquilo que se estava latente, contido ou secreto. A presença do cineasta procurava garantir a naturalidade do artifício fílmico. Rouch mudou o cinema não apenas em relação as técnicas de filmagem onde mostrava despojamento na maneira de filmar exteriores, desobrigação para com a gramática de corte e encadeamento de planos, a improvisação das cenas e a ausência de roteiro prévio. Mudou o tratamento que o cinema tinha anteriormente com seus personagens. Procurou trata-los como sujeitos e não apenas objetos do discurso fílmico. Se antes, no cinema direto, os personagens e autores saiam ilesos das filmagens agora não era mais isso que acontecia. O objetivo era instaurar uma realidade na qual os personagens pudessem existir de fato. Podemos ver, por exemplo, em “Cronicas de um Verão” que os personagens demonstram terem vivido uma “metamorfose” onde eram feitos pelo filme na medida que o faziam. Os personagens se comovem com suas próprias historias, refletem sobre seus passados,