Aspectos técnicos na construção fílmica de Jean Rouch
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Audiovisual
Disciplina: Antropologia e audiovisual: comunicação narrativa
Profª. Rose Satiko Gitirana Hikiji
Aluno: José Ribeiro Filho
Aspectos técnicos na construção fílmica de Jean Rouch
“A ficção é a única maneira de se penetrar na realidade” com essa frase conceito de Jean Rouch é que iniciamos nosso estudo sobre a forma como o pioneiro do cinema direto e um inovador do cinema documentário, além de construir as bases para o surgimento do filme etnográfico produziu uma obra que tem causado bastante polêmica quando se tenta enquadrar os conceitos desse cineasta dentro de uma dessas categorias. A interdisciplinaridade de Rouch ainda acumula outras formações acadêmicas de engenheiro civil e doutor em antropologia pela Sorbonne, no entanto todas essas formações contribuem para aumentar o espectro de dissenso e críticas ao seu trabalho, tanto como realizador de filmes etnográficos, quanto como antropólogo.
Neste artigo vamos nos deter de forma mais significativa na análise dos aspectos do método rouchiano utilizado na produção do filme “Eu, um Negro” no que se refere as fronteiras entre a realidade e a ficção e principalmente nos recursos pensados e utilizados na construção do filme. Na maneira como esse autor constrói através do seu discurso imagético a ação de cada um dos personagens, os eventos que são mostrados na trama do filme, que foram catalogados durante o processo de pesquisa feita antes das filmagens pelo realizador e que têm um sentido singular na composição do seu discurso.
O filme em sua narrativa dramática apresenta o cotidiano e os problemas enfrentados por jovens africanos imigrantes que vivem no bairro de Treichville, em Abdijan, capital da Costa do Marfim. A trama do filme desenvolve-se mostrando as atividades de trabalho e lazer desses personagens ao longo de uma semana. O autor retrata o paradoxo entre uma África