Iracema
“Carta de um contratado”: diálogo no espaço da língua portuguesa
Sérgio Paulo Adolfo
Universidade Estadual de Londrina
RESUMO: O ARTIGO ANALISARÁ O POEMA “CARTA DE UM CONTRATADO” DO POETA ANGOLANO ANTONIO JACINTO, OBSERVANDO A PARTIR DELE O PAPEL DO
INTELECTUAL AFRICANO DURANTE O REGIME COLONIAL; A IMPOSSIBILIDADE DE
DOMINAR OS CÓDIGOS DA ESCRITA COMO MARCA DE INTERDIÇÃO DO SUJEITO
COLONIZADO. AO MESMO TEMPO, SE DISCUTIRÁ EM QUE MEDIDA A ESCRITA É
VALORIZADA NO POEMA COMO SOLUÇÃO IMEDIATA PARA A SUPERAÇÃO DAS DESIGUALDADES PERPETUADAS PELO REGIME OPRESSOR, INCLUSIVE EM DETRIMENTO
DE VALORES TRADICIONAIS.
ABSTRACT: THIS PAPER AIMS TO ANALYZE THE POEM “CARTA DE UM CONTRATADO”,
BY THE ANGOLAN POET ANTONIO JACINTO. WE INTENDS TO OBSERVE IN IT THE
ROLE OF THE AFRICAN INTELLECTUALS DURING THE COLONIAL REGIME; THE INABILITY TO MASTER THE CODES OF WRITING AS A MARK OF INTERDICTION OF THE
COLONIZED SUBJECT. AT THE SAME TIME, IT WILL DISCUSS THE EXTENT TO WHICH
THE WRITING IS VALUED IN THE POEM AS AN IMMEDIATE SOLUTION TO OVERCOME
THE INEQUALITIES PERPETUATED BY THE OPPRESSIVE REGIME, EVEN AT THE EXPENSE
OF TRADITIONAL VALUES.
PALAVRAS-CHAVE: POESIA ANGOLANA, ANTONIO JACINTO, “CARTA DE UM CONTRATADO”, INTELECTUALIDADE, COLONIALISMO.
KEYWORDS: ANGOLAN POETRY, ANTONIO JACINTO, “CARTA DE UM CONTRATADO”, INTELLECTUALITY, COLONIALISM.
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VIA ATLÂNTICA Nº 16 DEZ/2009
ntrodução
António Jacinto, poeta angolano pertencente à geração do movimento intelectual Vamos descobrir Angola e da Revista Mensagem, denuncia em seu poema
“Carta de um contratado” as vicissitudes da realidade colonial portuguesa, no que respeita à questão da alfabetização, incisivamente negada à população autóctone, aos povos tradicionais, aos filhos da terra. Nesse poema-narrativo, o eu lírico é impossibilitado de realizar o seu intento amoroso, pois tanto ele quanto a sua amada não estão intrumentalizados com os códigos da escrita