Iracema
De que forma distinguimos uma língua dos dialetos? A resposta parece muitas vezes óbvia. O holandês, o alemão, o dinamarquês e o norueguês são línguas autônomas, enquanto o Cockney e o Glásgua são dialetos do inglês, e o Suíço e o Bávaro, do Alemão.Contudo, esta resposta óbvia baseia-se mais nas realidades políticas do que nas linguísticas. Muitos falantes nativos do Inglês compreendem tão pouco de Glásgua como de Holandês. O Alemão e o Holandês são línguas nacionais; todavia, por critérios linguísticos, o Holandês e o Baixo Alemão seriam classificados como dialetos da mesma língua. Pelo contrário, as muitas variedades do Chinês (o Cantonês, o Xangai, etc) são, em geral, referidas como dialetos; porém, são tão diferentes umas das outras como o são o Francês e o Espanhol (línguas românicas). A diferença que o define é mais sociopolítica. Os “dialetos” chineses são falados no interior de uma mesma nação com uma cultura comum, enquanto as línguas românicas não foram unificadas no interior de uma nação a seguir aos desmembramentos do Império Romano.
O teste da inteligibilidade mútua é muitas vezes usado para a definição do estatuto de uma língua. Se falantes de duas línguas próximas conseguem perceber-se mutuamente, diz-se que ambas são dialetos de uma mesma língua. Porém, a inteligibilidade é uma questão de grau. Tipicamente, o falante de uma língua reconhecerá, pelo menos, algumas palavras de uma língua próxima da sua (como um falante do Inglês reconhecerá as palavras alemãs “finger” e “haus”). Na prática, a distinção entre língua e dialeto é feita por motivos sociopolíticos. Tem-se dito que a língua é “um dialeto com um exército e uma marinha atrás de si”. Aqui é crucial o reconhecimento como língua nacional. Por exemplo, o Ramanche é visto como uma língua, porque é uma das quatro línguas reconhecidas na Suíça, juntamente com o Francês, o Alemão e o Italiano. O Ladim, outra língua reto-românica falada em quatro das Dolomitas, no Norte da