Introdução joão grilo no cordel
O presente trabalho tem por finalidade caracterizar o personagem mais famoso dos contos populares portugueses e da literatura de cordel brasileira: João Grilo. Este que foi imortalizado no livro do escritor paraibano Ariano Suassuna em 1955, o "Auto da Compadecida", na realidade, uma peça para teatro. Como seriado televisivo, estreou na minissérie da Rede Globo em 1999, adaptado pelo diretor Guel Arraes e a escritora Adriana Falcão, daí sua notoriedade nacional e o desejo de pormenorizar esse “amarelo” mostrando suas facetas tanto no conto popular português quanto na literatura de cordel.
Segundo o ator, que protagonizou o personagem, Matheus Nachtergaele diz: "João grilo é o brasileiro sem privilégios, sem grana, submetido aos domínios dos ricos, mas muito esperto. Quando você pensa que o está subjugando, ele já está fazendo alguma coisa que você não sabe o que é porque, se soubesse, ficaria louco"(O Estado de São Paulo - Caderno 2, 29/10/1998). Em poucas palavras o ator sintetizou a alma de um dos mais ilustres personagens da narratologia popular. Pobre, aparentemente débil, dependente, “amarelo”, sofrido, a figura do jeca que não possui atributo algum que o reverencie, pelo contrário, leva ao descaso diante de tais desvantagens. Mas não é essa a visão que encontramos, principalmente, em terras brasileiras. João grilo tornou-se o grito da alma de milhares de nordestinos, chefes de família, trabalhadores, que são desacreditados, porém, lutam por seus ideais e interesses apesar do descrédito dos poderosos. São eles que pela astúcia e sagacidade encontram saída para as peripécias que a vida lhes apresenta.
Do anedotário popular surge um modelo totalmente oposto aos padrões de virilidade, vitória, bravura e força encontrada nos heróis tradicionais. Do contrário que muitos pensam, João Grilo é uma figura tradicionalíssima da literatura, não só no cordel do Brasil, mas também nos contos europeus. A diferença entre ambos se dá na “travessia do