Introdução as ciências sociais
Tem ficado patente, em diversos estudos que abordam a temática do voluntariado em
Portugal, que o nosso país se caracteriza por ter uma das taxas de voluntariado mais baixas em toda a Europa. Já em 2002, a autora Ana Delicado, tinha feito referência ao facto de, entre 1990 e 1999, ter existido uma diminuição desta taxa (de 19% para 16%) em Portugal. Esta tendência decrescente manteve-se e, pelos dados recolhidos pelo European Value Survey, em 2008, a taxa de voluntariado em Portugal situava-se nos 14%.
De forma a melhor interpretar estes resultados, pesquisou-se sobre as razões que poderão estar relacionadas com uma baixa taxa de voluntariado, sendo que alguns autores salientam como factores explicativos para este fenómeno:
• Condições políticas, sociais e económicas de Portugal, como país semiperiférico, chegado tardiamente à democracia parlamentar e à construção de um
Estado-Providência (Amaro, 2002);
• Factores sociodemográficos que se prendem com baixas habilitações literárias da população portuguesa e diminuta proporção das classes média e média-alta, que condiciona a participação num voluntariado pós-industrial, de base organizacional, qualificado e laico, com novas áreas de motivação (ambiental, empresarial, cultural, etc.) (Amaro, 2002);
• Uma participação cívica ainda incipiente (Delicado et al., 2002);
• As características do mercado laboral português (Barreto, 2000), que se pautam por uma elevada taxa de emprego feminino, na maioria com horários de trabalho a tempo completo;
• O peso da socialização familiar na adopção de práticas de voluntariado, o que conduz a que a mudança entre gerações seja ténue (Wuthnow, 1991, cit. In Delicado et al., 2002).
Contudo, como se verá adiante, os elementos recolhidos neste estudo apontam para uma taxa de Voluntariado que, em 2011, deve estar próxima de 20%.
Tipo de Instituições sem fins lucrativos com trabalho voluntário, em