Intervençoes urbanas, bairro da luz, são paulo
Nossas investigações têm basicamente buscado reconstituir diversas redes de relações e conexões situadas noentremeio de duas representações relativamente recorrentes sobre a Luz: a de bairro cultural (tornada possível pela criação e fortalecimento de diversas instituições culturais pelo Estado desde meados da década de 1980) [6] e a decracolândia (estigma de degradação e criminalidade decorrente da presença, em ruas do bairro, de diversos usuários de crack, dentre eles homens, mulheres e meninos em situação de rua, profissionais do sexo etc.). [7]
Tal ênfase na observação etnográfica de relações e entrelaçamentos tem-nos permitido relativizar o modo como certas abordagens amparadas pelo conceito de gentrification tendem a demarcar separações muito rígidas entre mundos sociais, com uma delimitação por vezes bastante categórica sobre inserções em classes sociais diferenciadas (ainda que amparadas por classificações sobre estilos, gostos, trajetórias educacionais etc.). Um desdobramento problemático disso é a configuração, para os termos de análise, de um “antes” e um “depois” (reformulado em termos de composição social e de determinados usos do espaço) também questionável, se levarmos em conta dinâmicas complexas que permeiam as relações entre continuidade e mudança. [8]
Pode-se também dizer que a polaridade bairro cultural – cracolândiadialoga com oposições entre requalificação e