INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
PORTUGUÊS JURÍDICO – PROF. VALÉRIA
TRABALHO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Falo para um tempo desesperançado, mas para alunos com esperança. Dirão alguns que esse descompasso é pernicioso; enseja os sonhos daquilo que nunca chegará. Digo, no entanto, que se projetar para além do presente é preciso. Sem o sonho, chega-se a uma triste coincidência, a de olhar o mundo e enxergar as suas tristezas nas ruas, nas mãos, nos rostos, mas também no coração, e quando ele aí se instala, perdemos a chance de no futuro vermos qualquer contraste da alegria. Só da miséria levantar-se-á o sonho da transformação, mas é preciso que nos fixemos no levante, não na miséria. Lembremos Gramsci, que nos falou sobre o otimismo da vontade e o realismo da razão. Mas que não fiquemos estéreis pela razão, e sim racionalmente cheios de vontade.
Falo aqui a alunos de direito. Eles não são alunos de matérias só teóricas ou especulativas. Poderão os alunos da Sociologia, da Filosofia ou da Ciência Política tratar o mundo a partir de livros e se colocarem, ao final de todos seus estudos, a também escrever livros. Mas eu falo a alunos que têm sede de prática, de saber orientar-se a respeito do que é justo, do que é correto, de como estar ao lado da justiça num mundo de injustiça. Alunos que demandarão, alunos que julgarão, alunos que acusarão. Têm sede de saber o que é justo, e este saber é tanto teórico quanto prático.
Não falo, obviamente, a todos os alunos de Direito. Dentre os meus, nestas salas que me ouvem, não são todos que se sensibilizarão pela filosofia do direito. Aliás, nem são todos os que, no direito, sensibilizam-se pelo justo. Muitos fogem dele, muitos querem os interesses fáceis, o dinheiro que compra advogados, juízes, promotores, policiais, réus e vítimas. Esta porta larga é rentável, e, diria com tristeza muito mais rentável financeiramente que a porta estreita da busca da justiça. Mas, dentre tantos outros que fazem do direito uma profissão capitalista,