Interpretação de texto
Que noite horrível! A pior da minha vida... Penso, repenso, choro, grito, urro, estapeio o travesseiro e começo tudo de novo. Tenho que fazer uma escolha. Uma escolha que só depende de mim. Alfredo e Bobby me querem. Dizem que me amam. Acho que só gostam de mim. Mas gostam bastante. Mais do que o suficiente pra me fazer feliz. Não posso mais ficar neste não-sei-o-que-quero... Muito bem. Vamos lá. Enfrentar de cara. De frente. Com tudo. O que quero? Quem quero?
Nem posso choramingar tanto. Fazer tamanha cara de coitadinha, de infeliz. Afinal, tenho 16 anos e tenho dois apaixonados. De plantão. Fazendo cenas por minha causa. Quase se estapeando em público. Minhas amigas, morrendo de inveja. Me achando uma sortuda. Dois caras legais querendo me namorar firme. Por que não posso ficar com os dois? Sei muito bem por quê, portanto, vamos parar com esta bobagem. Alfredo não é muito bonito. É alto, magricela. Cara inteligente. De óculos. Tem 21 anos, é homem feito. Tem carro, tem dinheiro, estuda Engenharia na Poli. Está no 3º ano. Bom aluno, estudioso; responsável. Ótima pessoa. O herói da minha mãe. Aliás, o herói de todas as mães do pedaço. Me acham uma louca desvairada por não estar com ele de vez. Bobby também não é muito bonito. Mas tem um quê especial. Um ar maroto, bem safado. Conquistador. Todo cheio de vozes, de sussurros, um sorriso de derreter. Irresistível quando quer. Desenha bonito e passa o tempo todo com seus papéis, lápis e tintas. Nem pensa em faculdade. Vive duro e sempre se vira pra conseguir algum. Consegue, quase sempre. Na minha casa não faz o menor sucesso. É tocar a campainha que torcem o nariz. Quando telefona, se pudessem, diriam que não estou. Mas quando entra, se derretem com seu charme, suas piadas. Melhor companhia não tem. A verdade, acho, é que não estou apaixonada por nenhum deles. Ou não sei o que é amar. Como é que a gente se sente de verdade? O que acontece por dentro e por fora? Se soubesse, não estava nesta baita