Simone de oliveira
T: Boa tarde Simone, então, fale-me de si. Do que é que gosta e do que não gosta?
L: Eu gosto sobretudo de uma boa gargalha, gosto de automoveis, gosto de calças, gosto da noite, gosto de andar de saia e de blusa, mesmo que digam que já não se usa, sou capaz de gostar de caviar, e ás vezes de uma cerveja. Não gosto de passagens de modelos, não gosto de ter ás vezes um joelho meio avariado, não gosto de guerra e não gosto que as pessoas estajam de mão fechadas, gosto das pessoas com as mãos abertas, odeio, odeio aqueles dias em que o mau-humor se apodera de mim.
T: Comecemos por aí, simone, porque é que as pessoas dizem ou diziam que tem mau feitio?
L: Ora aí está uma coisa que eu gostava que me expicassem, eu não tenho mau feitio, sou uma mulher bastante frontal e não tenho medo do que essa frontalidade me possa vir a trazer, quando tenho que dizer alguma coisa seja a quem for, tenho que o dizer, mas sei quando erro e estou sempre pronta a pedir desculpa!
T:Gosta de si?
L:Gosto, gosto de mim!
T:Do que tem mais saudades?
L:Sem dúvida da minha infância.
T:A que é que cheira a sua infância?
L:A nozes, a figos, cheira a turnura, cheira amor, cheira ao pó de arroz da minha mãe e ás brincadeiras do meu pai.
T:Vai lá muitas vezes á infância?
L:Vou. Vou lá muitas vezes até para compensar o excesso de idade que vou tendo.
T:Gosta de quebrar as regras?
L:Gosto, o que é proibido sabe melhor. Eu vim dessa geração, em que muita coisa nos era proibida, mas no entanto não deixei de as fazer! A vida é demasiado curta.
T:Viveu tudo o que queria?
L:Quase. Mas vivi muito. Eu acabei por ter uma vida cheia de caminhos paralelos, ás vezes travessas outras vezes bicos.
T:Onde esbarrou?
L:Ahhhhhhhhhhhhh, então não! Fui por caminhos