Internet e sua normatividade no contexto da cultura hacker
Ricardo Poppi
1 arquivo para download 1 - Introdução
Estamos no ano de 2015. Dois adolescentes saem da escola e ouvese o seguinte diálogo:
- Vou chegar em casa e assistir o último clipe do Artic Monkeys que já deve estar no YouTube!
- Ah! Sua internet tem YouTube? Meus pais ainda não assinaram!
- Puxa que pena! Pede pra eles! Também vivo pedindo pra eles incluírem os sites de jogos no pacote de internet mas eles não me escutam! Tenho que ficar indo na LANHouse que nem sempre tem computador livre!
- E os meus então!? São super muquiranas! Só assinaram o plano básico. Dizem que os outros são muito caros e cheios de coisas inúteis. Nem skype pra falar com meu amigo do Japão eu consigo usar. Um porre! Por mais que nos dias de hoje esse diálogo possa parecer absurdo, não soa tão irreal assim para a chamada "Industria da intermediação"[1], formada pelos grandes grupos de comunicação, telecomunicações e produtoras de bens culturais como gravadoras e estúdios cinematográficos. Essas empresas, acostumadas com um modelo de negócios onde o fluxo da informação é majoritariamente unidirecional e a competição pelo conteúdo se dava apenas entre elas, estão sofrendo profundas perdas. Nossa sociedade está construindo uma nova maneira de lidar com a informação. Mas será que esse processo é irreversível? A história dessa mudança se confunde com a história da Internet. Desenvolvida inicialmente para fins militares como uma rede pouco vulnerável à ataques em quaisquer de seus diversos nós, a Internet foi logo apropriada e incrementada por pesquisadores. Segundo Manuel Castells[2], "a cultura dos produtores da Internet moldou o meio. Esses produtores foram, ao mesmo tempo, seus primeiros usuários. (...) A cultura da Internet é a cultura dos criadores da Internet". Nessa mesma linha, no seu livro Galáxia Internet, Castells[3] defende que "Os sistemas tecnológicos são socialmente produzidos. A produção