Internacionalização de Empresas de Infra- Estrutura:
José Luis Rampazo (PUC-SP)
Frederico Araujo Turolla (ESPM, FGV e Pezco)
Thiago Piffer (PUC-SP)
Thelma Harumi Ohira (IST-Lisboa e Pezco)
INTRODUÇÃO
A indústria de infra-estrutura possui uma peculiaridade que a torna fundamental para o desenvolvimento econômico de qualquer país, qual seja, sua capacidade de gerar externalidades positivas e ganhos de eficiência para a economia como um todo. O aumento da penetração e a qualidade das redes de telecomunicações, energia, saneamento básico e outras, constituem veículo indispensável ao progresso das nações, assim como da redução da pobreza, a proteção do meio ambiente e a inclusão social e digital.
Tradicionalmente, os segmentos que compõem o setor de infra-estrutura, ou indústrias de rede, em virtude dos altos custos fixos que os envolvem e de seus longos prazos de maturação, nascem operados em âmbito local e sob a égide do setor público. Desde as últimas décadas do século passado, é possível observar, em âmbito mundial, uma reestruturação marcada, significativamente, por uma maior participação do capital privado em tais setores.
Por conseguinte, essas indústrias integraram-se em redes de maior porte, eventualmente com atuação em diferentes ramos da infra-estrutura, formando grupos econômicos, não apenas regionais ou nacionais, mas crescentemente internacionalizados. Há casos, como o das redes locais de telecomunicações, em que o processo de integração propiciou excessivo poder de mercado; em contrapartida, há diversos outros em que gerou avanços em direção ao acesso universal, redução de tarifas e melhorias na qualidade dos serviços.
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A decisão de internacionalização das firmas de infra-estrutura não é trivial. Ao contrário da maioria dos setores, o investimento requer grandes volumes de capital, há significativos custos de transação e também envolve questões conjunturais e institucionais, específicas a cada país