Interactividade
Gisela Ariana Nunes
Apesar de se poder considerar que a interacção sempre existiu na obra de arte, no sentido em que toda a expressão artística resulta do diálogo entre obra, artista e interpretante, a tecnologia cada vez mais complexa estabeleceu outros níveis de comunicação entre a obra, artista e público.
Julio Plaza classificou [1] a relação do público com a obra em três tipos: obra aberta, arte participativa e obra interactiva. A obra aberta diz respeito a uma primeira fase, quando a obra já não possui um único significado atribuído pelo autor e possibilita ao público várias interpretações livres da obra. A segunda fase é a da arte participativa, onde o público é convidado a interagir fisicamente no processo da obra, saindo de uma aparente passividade frente a uma obra inerte. A terceira fase é a da obra interactiva, mediada por interfaces técnicas que possibilitam a configuração e actualização da obra, no momento de contacto com o público, de acordo com o seu corpo e o tipo de interacção. Conforme Julio Plaza: «Uma obra de arte interactiva é um espaço latente e susceptível a todos os prolongamentos sonoros, visuais e textuais.[...] A interactividade não é só uma comodidade técnica e funcional; ela implica física, psicológica e sensivelmente o espectador em uma prática de transformação.»[2]
No entanto, mais do que saber se uma obra de arte é interactiva, importa compreender a estética da interactividade; o público é visto como parte constituinte da obra. O seu corpo imerge na obra, as suas sensações corporais são solicitadas, bem como os seus pensamentos, percepções e reflexões. Diana Domingues, pesquisadora e artista, sublinha: «As tecnologias digitais oferecem a possibilidade de uma interação efetiva.»[3] A autora reconhece que: «Não se trata mais somente de incluir o visitante como um participante da experiência, numa poética própria das atitudes duchampianas»[3] A grande