Insônia
Ela se viu ensanguentada, num quarto escuro e vazio. Olhou para o corpo, e viu um enorme buraco em seu abdômen, de onde mais sangue escorria. Os longos e lisos cabelos negros estavam encharcados, de sangue. Ao seu redor iam aparecendo vultos negros de pessoas, cujos olhos brancos brilhavam. Ela tentou balbuciar “Socorro”, mas conseguiu soltar apenas um agonizante gemido. O sangue que escorria formava uma poça, e ela começou afundar em seu próprio sangue, como areia movediça.
Quando imergiu por completo, estava num rio de sangue, afundando como pedra até o abismo de sua consciência.
Então acordou, ofegante e suando frio, em sua cama.
Cada noite é pior que a outra...
Olhou para o relógio no criado-mudo que marcava exatamente 00:00. Viu a janela aberta, e as cortinas balançando violentamente com o vento. Não se lembrava de ter deixado a janela aberta, mas tudo bem. Levantou-se para fechá-la, mas parecia emperrada. Tentou forçar, mas não conseguiu. Foi quando olhou para em meio às árvores à sua frente, e viu parada ali, uma menina com uma camisola rasgada inteiramente tinta de sangue. Ficou paralisada em frente a janela olhando aquela criatura que parecia um fantasma. A menina levantou a cabeça, mostrando os olhos que brilhavam na escuridão como os de um gato, e sorriu, um largo e surreal sorriso mostrando a fileira de grandes e pontudos dentes.
De um susto, a mulher fechou a janela de supetão, deu dois passos para trás, enroscou o pé nas cobertas pelo chão e caiu batendo a cabeça na borda da cama. Desmaiou.
Acordou, atordoada. Dor alucinante que latejava em sua cabeça. Olhou o relógio do criado mudo, agora marcando exatamente 03:00. Olhou para a janela, novamente aberta. Levantou-se, apreensiva e tremendo. Dessa vez não havia nada lá fora. Tentou fechar a janela, mas estava definitivamente emperrada. Não havia nem vento, nem aquele som de grilos cantando na noite. O silêncio absurdo foi quebrado pelo celular que tocava e vibrava. Ela chegou a