Inovação das firmas
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INOVAÇÃO E TEORIAS DA FIRMA EM TRÊS PARADIGMAS
Paulo Bastos Tigre 1
Instituto de Economia Universidade Federal do Rio de Janeiro
1. INTRODUÇÃO
Desde os tempos de Alfred Marshall, a teoria econômica procura criar modelos que capturem a lógica do comportamento das firmas e dos mercados. Os resultados destes esforços não resultaram em um quadro analítico convergente, já que persistem controvérsias importantes acerca do papel das diferentes forças que influenciam o crescimento e os objetivos da firma. Winter (1993), ao se perguntar sobre o que a economia tem a dizer sobre o papel das empresas em uma economia de mercado, conclui que a resposta seria o silêncio, seguido de uma “babel de respostas significativamente conflitivas”. A origem destes desencontros deriva de importantes diferenças conceituais, metodológicas e ideológicas entre as principais correntes teóricas que estudam a firma. No entanto, ao se analisar a evolução das teorias da firma, é possível perceber uma grande carência de análises empíricas do funcionamento da firma ao longo da história, um recurso que, devidamente explorado, poderia contribuir para elucidar a origem destas divergências. A hipótese levantada neste estudo é que existe um hiato temporal entre a realidade econômica vivida pelas empresas e as teorias que procuram decifrá-las. O desencontro entre teoria e prática deve-se às dificuldades históricas de captar, com as limitações teóricas e factuais disponíveis, a complexidade e diversidade deste ator protagonista do capitalismo. As diversas críticas às teorias da firma, feitas a posteriori, identificam paradoxos e buscam novas conceituações, auxiliadas pela incorporação de aportes científicos interdisciplinares à economia e por dados estatísticos que mostram mais claramente o padrão de crescimento da firma e da estrutura da indús67
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REVISTA DE ECONOMIA CONTEMPORÂNEA Nº 3 JAN. – JUN. DE 1998
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