Injustiça ambiental
A cidade de Manaus, como em grande parte da Amazônia, é entrecortada por inúmeros cursos d'água, dentre eles os igarapés que tradicionalmente servem a muitas atividades cotidianas da população. No entanto, a história do desenvolvimento econômico da cidade de Manaus é marcada por uma relação de “extermínio” desses recursos hídricos e também pela drástica remoção das populações residentes nesses locais. O primeiro grande ciclo econômico vivido no Estado do Amazonas - o período da borracha trouxe para Manaus a concepção de cidade da Belle Époque, onde os igarapés representavam um obstáculo ao avanço da cidade , deveriam ser aterrados. No segundo grande ciclo econômico - a Zona Franca de Manaus - mais uma vez os igarapés tornaram-se um obstáculo, não mais por impor limites físicos à cidade, mas porque a sua ocupação destoava da imagem da cidade concebida pelo Poder Público. Assim, os igarapés sempre foram considerados área sem valor imobiliário. Ocupados há décadas pela população excluída, que outrora encontrou fonte de água para os mais diversos fins e também um local para habitar, tornaram-se grandes bolsões de pobreza encravados na área central da cidade. O aumento da ocupação dos igarapés e ausência de saneamento básico nestes locais, ocasionaram a poluição das águas e colocaram esta população em vulnerabilidade quanto às doenças de veiculação hídrica. Alguns programas oficiais recentes tinham como objetivo urbanizar esses igarapés e reassentar as famílias. No final do século XX e início do século XXI, agora sob a luz dos ideais do pós-modernismo, que já reconhece na natureza um valor não secundário, mas que precisa ser controlado, os projetos de intervenção nos igarapés são retomados com basicamente os mesmos objetivos daqueles projetos do período da borracha, ou seja, controlar a natureza, condicionando-a ao ideal da modernidade, naquela época, e aos dá pós-modernidade, na atualidade. Educandos, um dos mais antigos e de maior