Influências científicas sobre a psicologia
A história da psicologia moderna tem sido a história de uma longa e persistente crise de cientificidade. Três grupos distintos de argumentos têm sido usados ao longo desta como obstáculos à possibilidade de constituição da psicologia como ciência. O primeiro grupo é composto pelos argumentos filosóficos contra a própria ciência moderna. Questionando a psicologia especificamente, temos outros dois grupos, o dos argumentos ontológicos e o dos metodológicos. Entre os ontológicos, temos os da natureza inquantificável do objeto da psicologia; da simultaneidade da condição de sujeito e objeto; da indivisibilidade do fenômeno psíquico; da inexistência de objeto próprio da psicologia; da alteração do ser humano pela interação; do significado como verdadeiro objeto psicológico; do livre-arbítrio e da necessidade de adoção de um método distinto do das ciências naturais. Entre os metodológicos, temos as alegações de impossibilidade de observação direta do objeto; da dificuldade metodológica de quantificação; das limitações éticas para a pesquisa e da enorme quantidade de variáveis envolvidas na explicação psicológica. Muitos destes problemas foram superados ao longo da história da disciplina, mas alguns deles ainda hoje esperam solução filosófica, o que faz da psicologia moderna um projeto de ciência inacabado.
QUANTIFICAÇÃO
Da natureza inquantificável do objeto da psicologia - Um dos vetos kantianos diretos à psicologia se dirige à possibilidade de quantificação dos fenômenos psicológicos. A psicologia como ciência empírica, nem procederia a priori, nem poderia quantificar seus dados e empregar o cálculo matemático na descrição precisa da realidade e das leis que a regem. Esse veto seria definitivo: os fenômenos psíquicos produzem-se só no tempo, e não no espaço, portanto, não seriam passíveis de quantificação. Devemos distinguir este veto do problema metodológico representado pela dificuldade de mensuração de dados, que veremos adiante, ao qual no entanto está