Inflação
Na maioria dos países do mundo – especialmente no Brasil – não é preciso ser economista para se ter uma correta noção intuitiva do que é a inflação: é um aumento generalizado e persistente dos preços ou, vendo por outro ângulo, uma diminuição persistente do poder aquisitivo do dinheiro.
Pode-se encontrar, porém, uma outra definição: segundo, por exemplo, o dicionário Michaelis inflação é "emissão excessiva de papel-moeda, provocando a redução do valor real de uma moeda em relação a determinado padrão monetário estável ou ao ouro". Realmente, essa é a origem histórica da palavra inflação, que vem da idéia de que a causa do aumento de preços é o resultado de uma emissão excessiva de papel-moeda que incha ou "infla" o volume de dinheiro em circulação. Essa é apenas uma das possíveis causas imediatas do fenômeno que interessa diretamente aos agentes econômicos, isto é, o aumento geral e persistente de preços, mas era a única considerada relevante pelos economistas liberais que cunharam a palavra (seu primeiro uso, em inglês, data de 1838). O nome do fenômeno acabou por se confundir com o de sua suposta causa.
Mais tarde, economistas de outras escolas– marxistas e keynesianos, principalmente – enfatizaram uma análise mais ampla das causas do fenômeno sobre outros aspectos, não só monetários como tecnológicos, políticos e sociais. Enfatizaram raízes mais fundamentais do fenômeno: para os keynesianos, os aumentos dos custos dos fatores de produção. Para os marxistas, esses aumentos de custos refletem movimentos da luta de classes, ou da luta entre facções da classe dominante procurando apropriar-se de uma parcela maior do produto social. Uns e outros viram que, sob determinadas condições políticas e sociais, pode ser uma estratégia racional, do ponto de vista dos governos, colocar mais dinheiro em circulação para possibilitar os aumentos de preços e redistribuir pela sociedade os custos de uma crise setorial, em vez de se arriscar a acirrar as tensões