Infancia
Na sociedade medieval o sentimento da infância não existia – o que não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Essa consciência não existia. Por essa razão, assim que a criança tinha condições de viver sem a solicitude constante de sua mãe ou de sua ama, ela ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes.
Assim, as crianças e os adultos viviam suas vidas misturadas, tendo as mesmas preocupações e deveres.
Na Modernidade que surge a preocupação, por partes dos adultos, em educar, cuidar e proteger as crianças, separando-as efetivamente dos adultos. Nesse momento que a instituição escolar e os responsáveis legais pelas crianças passam a ter um importante papel na formação das mesmas.
Se, antes disso, a criança era percebida somente como um ser biológico, sem status próprio, na contemporaneidade ela novamente vive seu dia-a-dia de uma forma muito parecida ao estilo de vida dos adultos. Isso ocorre por vários motivos como agendas lotadas de compromissos diários, trabalho infantil, erotização precoce, acesso indiscriminado aos meios de comunicação
Outra questão primordial quando pensamos na infância de hoje é a importância de levarmos em consideração a existência de diferentes infâncias. De acordo com Leni Dornelles as diferentes infâncias “continuam nos assustando, escapando de nossas redes, desconfiando de nossos saberes e poderes”.
Dessa forma, na contemporaneidade, a fronteira entre o mundo adulto e infantil