Indios Xetas No Parana
Os últimos dos XETÁS
Os últimos dos Xetás
Cinqüenta anos depois do primeiro encontro com os brancos, o último grupo indígena a ser contatado no Paraná está reduzido a oito indivíduos
Cinco homens e três mulheres carregam a sina de serem os últimos de seu povo. Kuein, Tuca,
Tikuein, Tiqüem, Rondon, Aãn, Ana Maria e Maria Rosa Tiguá são os sobreviventes de um grupo que, segundo estimativas de antropólogos, era formado por 450 indivíduos na época em que tiveram os primeiros contatos documentados com os brancos, em 6 de dezembro de 1954. Da cultura e dos hábitos que tornaram os xetás diferentes de qualquer outro grupo indígena do Sul do país, restaram só algumas lembranças. A língua é falada por apenas três pessoas.
Os xetás podem ser considerados um povo genuinamente paranaense. Habitavam o Noroeste do estado, entre os rios Ivaí e Paraná. Na época do contato, já eram poucos. Estavam debilitados pela redução de sua área de domínio, ocupada pela agricultura cafeeira. “As disputas com outros povos, os conflitos internos e a fuga eterna dos brancos estavam fazendo a população xetá diminuir”, explica a antropóloga Carmen Lúcia da Silva, pesquisadora da Universidade Federal do Paraná responsável por um projeto de reagrupamento dos sobreviventes.
Embora não se possa atribuir diretamente o fim dos xetás ao contato com os brancos, uma breve cronologia do povo mostra que a relação foi, no mínimo, desagregadora. O primeiro encontro foi uma iniciativa dos índios, que procuraram a administração da Fazenda Santa Rosa, no município de
Douradina, uma propriedade que se tornou ponto de referência para o estudo da etnia. Eles sabiam que uma aproximação era inevitável, e deram o primeiro passo para evitar confrontos. Era uma estratégia de sobrevivência, conforme relata o mais velho deles, Kuein. Pelo visto, não deu certo.
Sete anos depois, expedições organizadas pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI, embrião da atual
Funai) e pela Universidade do Paraná