Inclusão e Aprendizado
Decisivo para melhorar a inclusão e a permanência na escola dos filhos de seus beneficiários, o programa Bolsa Família continua devendo mecanismos capazes de demonstrar claramente, 10 anos depois de sua implantação, resultados concretos sob o ponto de vista da qualidade do ensino. A particularidade de exigir precondições dos participantes, como matricular os filhos na escola e se comprometerem com a frequência de 85% das aulas, permitiu um salto que até mesmo os críticos dessa alternativa de complementação de renda reconhecem. Falta, porém, uma avaliação técnica e mais aprofundada sobre o que vem ocorrendo sob o ponto de vista do aprendizado em si e da qualidade do ensino dos contemplados pela iniciativa. Afinal, nada menos de 50 milhões de brasileiros, mais do que a população da Argentina e do Uruguai somadas, recebem o Bolsa Família.
Na falta de estudos concretos que possam ir um pouco além de casos bem-sucedidos tomados como exemplo, incluindo brasileiros para os quais o ingresso na universidade seria impensável até há alguns anos, o jornal Valor Econômico analisou 26 cidades de todos os Estados, entre mais de 2 mil consideradas prioritárias pelo Ministério da Educação. Uma das conclusões, até certo ponto previsível, foi a de uma melhora generalizada nos indicadores de aprovação e de distorção idade-série, o que já é suficiente para reafirmar a importância do programa. Sob o ponto de vista da avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) entre 2005 e 2011, porém, o resultado é bem menos animador. O principal instrumento de aferição da qualidade do ensino no país mostra a dificuldade de serem alcançadas as metas ou mesmo uma piora na maioria dos municípios analisados. É o que ocorre inclusive nas duas cidades sulinas incluídas na mostra, Redentora, no Rio Grande do Sul, e Entre Rios, em Santa Catarina.
Certamente, o impacto de programas como o Bolsa Família não se dá apenas sobre o ensino, pois se estende a