inclusao social
Novembro/2007 – Ano XXI – nº 228
Reflexões sobre a inserção do deficiente no mercado
Maria Candida Soares Del-Masso
Sistema educacional é uma das poucas fontes para deficiente mental obter informação sobre trabalho
Falar em trabalho no momento em que a sociedade atinge um patamar de desemprego tão elevado chega a parecer desolador. Todavia, essa questão merece ser discutida diante da polêmica que o tema trabalho desperta no mundo contemporâneo. A sociedade atual parece não estar preocupada com o bem-estar coletivo, mas com o triunfo de projetos individuais (ou individualizantes) que geram o sucesso profissional e econômico de poucos. Como o indivíduo, e nesse contexto o indivíduo deficiente, pode tornar-se cidadão pleno de seus direitos e deveres se o contexto cultural a que pertence não o recebe como alguém produtivo, capaz de viver autonomamente?
O mercado de trabalho no Brasil passa por uma grande revolução. Ao mesmo tempo em que o emprego formal decresce, o informal aumenta. Essa realidade assusta quando focamos o olhar no trabalho dos deficientes, pois o mercado de trabalho já é tradicionalmente limitado para esses indivíduos, que sofrem discriminações por vários motivos, interferindo na sua inserção na sociedade.
As limitações impostas pela deficiência assumem, no meio social, um caráter de inferioridade e impossibilidade, enfatizando as dificuldades e os déficits, em detrimento das capacidades e potencialidades. Os indivíduos deficientes não deveriam se ajustar ao meio social, como postula a teoria funcionalista, mas participar como seres reflexivos e questionadores de seus direitos e deveres enquanto cidadãos.
Parte significativa da sociedade e, particularmente, do meio empresarial, não encara o deficiente enquanto força de trabalho produtiva, mas como aquele indivíduo que, a qualquer momento, cometerá uma falha, confirmando assim a sua condição de deficiência. O erro não é permitido ao trabalhador deficiente, pois serve como